Certa manhã
estava o deus Apolo passeando pelos campos verdes da Grécia quando viu Cupido
mirando suas flechas do amor em vários casais.
- Ora ora se não é o Cupido filho
de Afrodite. – Gritou Apolo fazendo Cupido errar e acertar a flecha na árvore.
- Se não é o deus sol me
perturbando. Não tem nada para fazer? – Questionou Cupido mal-humorado.
- Não. Acabei de voltar de uma
missão. Derrotei a cobra Píton. Dei uma flechada certeira bem no meio da testa.
Mandei ela direto para o Tártaro. – Apolo girou a mão e uma macieira cresceu do
seu lado e ele pegou uma maça.
- Ah que maravilha. Por que então
não vai fazer uma poesia ou compor uma canção? – Cupido tirou outra flecha da
aljava e voltou a mirar no casal de pássaros.
- Não fique com inveja. Você é
apenas uma criança, um dia quando crescer será tão bom quanto eu. - Apolo
surgiu na frente da mira fazendo Cupido errar novamente, a flecha caiu dentro
do lago.
- Eu já sou bom. Sou o responsável
por fazer os seres vivos se apaixonarem. Nunca errei uma flecha sequer.
- Hum... Nunca errou uma flechada?
Hoje estou de bom humor. Que tal fazermos um concurso de tiro ao alvo? O melhor
arqueiro ganha maças de ouro.
- E o perdedor?
- Será declarado o melhor arqueiro
do Olimpo.
- Ok, combinado.
Apolo tirou o
seu arco e flecha das costas e mirou em uma mosca que estava parada degustando
uma maça podre. A flecha acertou a mosca e a prendeu na pedra. Cupido mirou em
uma formiga que estava carregando uma folha, Apolo então fez a luz solar
atrapalhar a visão do deus do amor e ele acabou errando.
- É parece que venci. Sou o melhor
arqueiro do Olimpo.
- Você trapaceou – Gritou o deus do
amor.
- Tem como provar? Admita logo Cupido.
Eu sou melhor arqueiro que você, eu sou perfeito. Você não passa de um bebe
chorão. Agora vá buscar minha maça de ouro. Toda essa competição me deixou com
fome.
Cupido então desapareceu em uma
nuvem de pétalas de rosas. Apolo transformou o seu arco e flecha em um violão e
começou a cantar uma música sobre o que tinha ocorrido e acabou cantando que
tinha trapaceado.
Cupido escutou
a confissão de Apolo e ficou furioso. Ele apareceu em cima da rocha do Parnaso
e tirou da aljava duas setas diferentes, uma feita para atrair o amor; outra,
para gerar repulsa. A primeira flecha era de ouro e a segunda de chumbo.
Com a seta de ponta
de chumbo acertou a ninfa Dafne, filha do deus do rio Peneios, e com a outra
feriu Apolo no coração. Sem demora o deus foi tomado de amor pela donzela e ela
sentiu horror à ideia de amar.
Dafne sentia
prazer em fazer caminhadas pelos bosques e praticar caça. Muitos amantes a
buscavam, mas ela recusava todos.
- Filha, quando ira me dar um genro
e netos? - Seu pai muitas vezes lhe dizia.
Sentindo total aversão
ao casamento, com as belas faces coradas, ela o abraçou, implorando - Concede
essa graça, pai querido! Faça com que eu não me case jamais.
- Mas filha, o casamento é algo
divino. É o que nos mantêm eternos sobre a terra? Tem certeza que quer abrir mão
disso?
- Sim, eu tenho certeza. Casar é
algo apenas para humanos. Eu não quero isso. Quero aproveitar a vida de forma
plena.
- Ok filha, se assim deseja. Eu
juro ao rio Estige que você jamais irá se casar – Disse o pai dando um beijo em
sua testa.
- Obrigada papai. Te amo.
Apolo se
apaixonou assim que colocou os olhos na linda Dafne. Ele lutou para obtê-la;
ele, que era o deus da profecia estava cego e não previu seu próprio destino.
Vendo os cabelos caírem desordenados pelo ombro da ninfa, imaginou “Se são tão
belos em desordem, como deverão ser quando arranjados?” Viu seus olhos
brilharem como estrelas; seus lábios, e não se deu por satisfeito só em vê-los.
Admirou suas mãos e os braços, nus até os ombros, e tudo que estava escondido
da vista imaginou mais belo ainda viu seus olhos brilhavam como estrelas. Ele a
seguiu por onde ela ia, mas ela fugia, mais rápida que o vento.
- Espere filha de Peneios! – ele
exclamou. - Não sou um inimigo. Não fuja de mim, como a ovelha foge do lobo, ou
a pomba do gavião. É por amor que te persigo. Sofro de medo que, por minha
culpa, caias e se machuque nessas pedras. Zeus é meu pai, sou o senhor de
Delfos e Tenedos, conheço todas as coisas, presente e futuro. Sou o deus do
canto e da lira. Minhas setas voam certeiras para o alvo. Uma seta mais fatal
que as minhas atravessou-me o coração! Sou o deus da medicina e conheço a
virtude de todas as plantas medicinais. Ah! Sofro de uma enfermidade que
bálsamo algum pode me curar.
A ninfa
continuou a sua fuga, não dando importância ao que o deus sol falava. O vento
agitava-lhe as vestes e os cabelos desatados lhe caíam pelas costas.
O deus sentiu-se
impaciente ao ver desprezados as suas súplicas e juras de amor, e excitado por Cupido,
diminuiu a distância que o separava da jovem. Era como um cão perseguindo uma
lebre, com a boca aberta, pronto para apanha-la, enquanto o débil animal
avança, escapando no último momento. As forças de Dafne começam a fraquejar e,
prestes a cair.
- Ajude-me, Peneios! Abre à terra
para me envolver, ou muda minhas formas, que me tem sido tão fatal! - ela
invoca seu pai.
Mal pronunciara
estas palavras, um torpor ganha todos os membros. Seu peito começou a
revestir-se de uma leve casca, seus cabelos transformaram-se em folhas, seus
braços mudam-se em galhos, os pés cravam-se no chão, como raízes, seu rosto
tornou-se o cimo do arbusto, nada conservando do que fora, a não ser a beleza.
Apolo ao ver
isso, aumentou os passos e chegou em frente ao lindo arbusto, ele abraçou-se
aos ramos da árvore e beijou ardentemente a madeira. Os ramos afastaram-se de
seus lábios.
- Já não podes ser minha esposa –
Exclamou o deus – Será a minha planta favorita. Usarei tuas folhas como coroa;
com elas enfeitarão minha lira e minha aljava; e quando os grandes campeões
provarem o seu valor nas competições irei recompensá-los com elas. Também lhe
concedo imortalidade, será sempre verde e tuas folhas e seu nome partir de
agora será Louro.
Postado por Caio Geraldini
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