Acordei com batidas fortes na porta do
apartamento que estava morando de aluguel. Estava com uma ressaca dos infernos.
Bateram na porta novamente, eram batidas fortes, minha cabeça doía.
- Henry, abra a porta seu vagabundo bêbado. – Ouvi a voz
atrás da porta.
- Já vai. – Ainda deitado na cama, olho no relógio, são
apenas 6 da manhã de uma quinta-feira. Fui até a porta, era Manuel. O sindico
do apartamento.
- O que você quer? – Falei irritado.
- Presente de natal adiantado. Você está sendo despejado
por atrasar o aluguel, pegue as suas coisas e suma da minha frente. - Ele falou
balançando um papel na minha frente.
- A é? Pois não irei a lugar algum. Você não tem o direito
de me expulsar assim. Quero meus direitos.
- Seus direitos acabaram quando você atrasou o aluguel.
- Estou de ressaca. Vamos conversar mais tarde ok? De preferência
tomando um trago. – Fui fechando a porta quando Manuel coloca o pé impedindo.
- Já conversamos demais. Se não sair agora meus amigos aqui vão
fazer isso a força- Apontou para dois brutamontes vestidos com fardas de polícia.
Eles se aproximaram de mim, tentei desviar.
- Para que isso Manuel? Já te falei que vou pagar assim que
eu receber o cheque da venda de um conto.
- Minha paciência acabou, vamos oficiais, tirem esse cara
daqui. Estou com uma ordem judicial.
- Vai se foder Manuel. Daqui não saio.
- Guardas por favor me ajude aqui. – Manuel gritou.
Eles entraram no meu
apartamento, me pegaram pelos braços e me expulsaram do prédio. Pela janela
jogaram minhas coisas. Peguei minhas coisas e sai pela rua. Do outro lado da
rua uma senhora assistiu todo o espetáculo.
Caminhei pela rua sem rumo, entro
no primeiro prédio que vejo. Estava escuro, provavelmente entrei pelas portas
do fundo. Ouvia barulho de gente conversando.
- Ei você. – Escuto uma voz e me viro. Um homem de terno,
com o nariz empinado e olhar de desdém. – Qual seu nome rapaz?
- Henry, senhor. – Falo
- Deve ser o novo funcionário do hotel. Está atrasado. Me
acompanhe. – Diz ele de forma arrogante.
- Mas...
- O hotel Frantz não admite atrasos. Vamos.
Fui com ele até
um quarto dos funcionários, era um lugar apertado, alguns bancos de madeira e
armários de ferro pregado na frente, cada um com um número diferente.
- Aqui sua chave. Coloque o
uniforme e me encontre no salão principal. - O homem de terno me entregou uma
chave com um número e saiu.
- Tudo bem. Estou desempregado. Posso
lidar com isso. – Pensei.
Abri o armário,
coloquei minhas coisas nele, vesti o uniforme, e me dirigi para o salão
principal do hotel. Era um lugar enorme e chique com o pé direito alto. Os funcionários
estavam lado a lado em frente a um balcão da recepção. Parei do lado de um
homem magro de aparência doente. O homem de terno parou em frente aos
funcionários.
- Meu nome é Pierre LeMont. Sou o
gerente do hotel. – Ele falava com um sotaque levemente francês. - Como sabem
esse é um hotel de luxo, possui 4 pavilhões vermelhos do guia Michelin. O
trabalho aqui é sempre executado com perfeição, e essa semana vocês darão tudo de
si, pois iremos receber um hospede muito importante.
- Quem estamos esperando? –
Comentei com o rapaz do lado.
- Por onde andou? Está sendo
noticiado o mês todo. – Ele me olhou espantado com a pergunta.
- Andei passando dificuldades, não
tive tempo de ligar a TV. – Respondi relembrando as vezes que estava bêbado demais
para pensar em algo, então ficava de frente a TV assistindo Medalhão Persa, um
programa sobre joias que passava nas madrugadas.
- Vai ter uma première aqui na
cidade. O ator principal de uma novela está vindo. Ele vai se hospedar neste
hotel. – O rapaz me contou.
- Ah interessante. – Respondi.
Pierre
continuava falando sobre a importância de recebermos o ator para a imagem do
hotel. Eu precisava de um trago.
- Ei parceiro. Sabe onde posso
arranjar um trago? – Comentei com o meu novo amigo.
- Claro, tem um bar logo ali.
- Beleza. Faz o seguinte vou ali
tomar um trago e depois me conte o que rolou.
Fui em direção
ao bar quando Pierre me interrompeu.
– Ei você. Onde vai?
- Vou ali tomar um trago. -
Respondi
- Nada disso. Não podem beber em
serviço.
Voltei para o
meu lugar. Após uma longa palestra sobre o hotel e suas atividades, fui designado
como “faz tudo”. Fui obrigado a usar um chapéu ridículo. De noite após
passarmos o dia inteiro checando quartos e organizando as coisas, escutamos um
barulho de carro. Entrou pela porta um homem elegante, vestido um terno
impecável e do seu lado uma jovem garota loira em um vestido de festa.
- Oh Thomaz Agreste como foi a
festa? – O gerente cumprimentou o casal. Deduzi que se tratava do tal famoso
ator.
- Ah essas festas são entediantes.
– Thomaz falou de forma prepotente. – Estou exausto, vou para meu quarto.
Percebi a
mulher que estava com ele me olhando de forma interessada, ela mordia o lábio e
mexia no cabelo.
- Ah Thomaz, eu vou ficar um pouco
no bar, já subo meu amor. – Ela disse dando um selinho. Assisti a cena de longe
fingindo que estava empilhando correspondências.
- Tudo bem querida. Não demore. – Thomaz
foi em direção ao elevador.
Ela passou por
mim e piscou o olho e foi em direção ao bar. Ela queria que eu a acompanhasse.
Entrei no bar, havia apenas alguns hóspedes, pessoas de negócios. Ela estava
sentada no banco de madeira com um Martini.
– Noite difícil? – Comentei ficando do lado
dela.
- Ah sabe como é, essa vida de
esposa de famoso é um saco. Todos os olhos ficam em cima do Thomaz. Quase não
sobra nada para mim. – Ela disse.
- Vejo que temos uma gatinha com o
orgulho ferido. - Falei. – Você tem uma beleza que ofusca todas as outras.
- Você é muito gentil. Me chamo
Lola e você?
- Me chame de Henry.
- Henry é um nome sex. Lembra o meu
primeiro amor – Ela disse.
- Achei que o Thomaz fosse o seu
grande amor? – Sim, havia lido sobre o casal no meu intervalo de almoço.
- O Thomaz? Aquele imbecil só pensa
nele. Deve ter me traído com uma modelo qualquer.
- Não fale assim. Se eu tivesse você
nunca iria trocar por outra.
- Acho que estou um pouco bêbada,
vou subir. Obrigada pela conversa. – Ela levantou.
- Espere – Peguei no braço dela.
Puxei e dei um beijo, ela se soltou.
- Não sei se devo – Ela disse.
- Vamos. Irei te fazer uma mulher
feliz. Finja que o Thomaz não existe. Seja feliz, pelo menos uma vez na vida.
Subimos para um
quarto desocupado, eu tinha a chave. Abri a porta, ela foi em direção ao quarto
e deitou na cama, comecei a beijar seus lábios e fui descendo, passei a mão em
seus seios e ela gemia de prazer, tiramos a roupa, continuei beijando seus
lábios. Ela montou em cima de mim e começou a cavalgar, dormimos os dois
abraçados. Ela me acordou no meio da noite. – Preciso subir para meu quarto, Thomaz
vai ficar uma fera. Ele não gosta que eu fique muito tempo no bar.
No outro dia a
tarde fui designado para cuidar da piscina. Enquanto trocava as toalhas vi Lola
nadando, seu corpo era espetacular, meu corpo desejava estar com ela. No
momento estávamos a sós.
- Ei Henry. – Ela me chamou.
- Oi senhorita. Tudo em ordem? –
Comentei fingindo cordialidade.
Ela saiu da piscina,
pegou a toalha e sentou na cadeira. – Henry preciso da sua ajuda para passar
protetor solar. Não alcanço as costas.
- Acho que o seu marido não vai
gostar disso – Falei.
- Ah aquele palerma saiu para dar
uma entrevista, só volta as 17 horas.
- Não sei se devo. – Falei.
- Preciso sentir o seu toque
novamente.
- Ok. Se a senhorita insiste. –
Comecei a passar o filtro solar nas costas dela. Ela então sem querer soltou o sutiã.
- Ops, caiu. – Ela fingiu surpresa. Seus seios ficaram à
mostra. Seus seios eram belos, tinha vontade de tocar, de beijar.
- Henry não fique acanhado.
Aproveite eles.
Fomos até o
quartinho de manutenção e transamos novamente, ela tinha um fogo insaciável. Thomaz
estava perdendo uma bela mulher por causa de bobagem.
Passadas duas
semanas Thomaz e Lola partiram. Lola voltou aos braços do seu marido rico e
famoso em um casamento de aparências. Peguei meu pagamento referente a três
semanas. Sai do hotel com minhas coisas. Fui até uma distribuidora de bebida,
comprei algumas cervejas e caminhei pela rua sem rumo.
Postado por Caio Geraldini
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