sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CRIME DE GUERRA NA ESCOLA

Na aula de Geografia da 6ª serie de um colégio qualquer. No penúltimo horário de sexta feira, estavam todos cansados da aula. A professora chamava Vilma. Era uma senhora baixinha, acima do peso, usava óculos de fundo de garrafa.
Vilma explicava sobre a vegetação do Brasil, Mata Atlântica, Cerrado, caatinga, campos e etc.
A professora virou para o quadro para anotar algo. Uma bola de papel saiu voando atravessando a sala atrás dela. A professora percebeu o barulho e olhou para a turma e todos estavam quietos segurando o riso. Ela voltou novamente para o quadro e novamente as bolas voaram. A professora virou e todos agiram como se nada tivesse acontecido.
O sinal tocou avisando a hora do intervalo. A professora saiu. Assim que ela colocou o pé para fora começou a guerra.
Era bola de papel para todos os lados. A turma da frente era comandada pelos nerds e os que tinham as melhores condições financeiras e econômicas. A turma de trás o era comandada pela galera do fundão, turma a favor de direitos iguais, distribuição de renda e ódio aos outros que não eram do fundão.
A turma do meio os neutros. Sempre com aquela política de “Não vamos nos envolver, a professora já vai chegar, pode dar problema”, porém não descartava as ideias do fundão, pois era o fundão que comandava o ar condicionado.
A turma do fundão elegeu um colega baixinho com fama de brigão. Ele passou um lápis preto desenhando um pequeno bigode, ninguém entendia o que ele falava. Ele berrava:
- Viva a galera do fundão e morte aos inimigos.
De vez em quando um dos lados enviava um diplomata para tentar fazer algum contato pacífico. Tentar chegar a um acordo sobre a questão da distribuição de privilégios. Abandonaram a ideia depois que a turma do fundão ofereceu um chocolate ao diplomata que era gordo e ele passou a falar que a turma do fundão era mais legal que a turma da frente.
A guerra continuou até que a turma da frente descobriu uma nova forma de atacar o fundão. Se usar uma agenda escolar com um elástico isso torna mais preciso os ataques. Aos poucos foram ganhando espaço.
Quando escutaram uma voz autoritária e adulta no meio de tanto garoto.
- O que raios está acontecendo aqui? – Disse a voz.
As bolas congelaram no ar, a respiração parou. Era a professora de matemática da última aula com o inspetor de corredor e o diretor. A comissão de guerra estava formada, iria punir os infratores.
A aula chata de matemática foi cancelada, pois a turma inteira foi parar na diretoria. Não houve suspensão. Os alunos apenas receberam uma advertência por “crime de guerra”.
Postado por Caio Geraldini

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