sábado, 3 de dezembro de 2016

Na Europa


Estava de ressaca e com sono. Passei a noite de ano novo em um bordel em Londres. Estava virado.
O avião chegou em Berlim as 8 da manhã. O Aeroporto estava vazio. Consegui ouvir alguns funcionários gritando em alemão para um senhor retirar os pertences de metal do bolso. Peguei minha bagagem e entrei em um táxi. Não sabia falar alemão, arrisquei no inglês mesmo. Era inverno, mas não tinha neve. Um vento frio balançava o que restou das folhas de uma árvore. As ruas estavam vazias, os mercados fechados, alguns poucos habitantes locais vagando pelas ruas. O carro parou em frente ao hotel. Paguei o taxista com algumas moedas de Euro, peguei minha bagagem e entrei no hotel.
- O que deseja? – Perguntou o recepcionista.
- Meu nome é Henrique. Tenho uma reserva – Falei entregando meu passaporte e o registro da reserva.
- Hum... Sinto muito senhor Henrique. O quarto só estará liberado depois de meio-dia.
- Olha, eu estou virado. Passei o ano novo em Londres, estou de ressaca, não posso esperar até meio-dia. Preciso dormir.
- Sinto muito.
Coloquei minha mala no chão perto do sofá e fui atrás de um bar. O bar do hotel ainda estava fechado. Fui para rua e estava tudo fechado.
- Maldição, esqueci que é ano novo. To preso em Berlim, sem quarto e sem bebida.
Voltei para o hotel, toquei a companhia e o mesmo recepcionista apareceu com um sorriso forçado. – O que deseja?
- Olha. Já que não posso entrar no meu quarto. Será que dá para abrir o bar? Preciso tomar um trago.
- Claro. O bar irá abrir daqui alguns minutos.
- Por favor um uísque com tônica. – Pedi ao garçom. Fiquei por lá bebendo. Passou algumas horas, um grupo de amigos sentaram ao meu lado no balcão.
O grupo era misto, tinha três homens e uma loira. Falavam em alemão. A conversa parecia animada. Continuei tomando meu drinque.
- Ei você, como se chama? – A garota loira falou com sotaque alemão.
- Henrique – Respondi – Mas me chame de Henry.
- É turista Henry?
- Sou. Acabei de chegar. Estou esperando liberarem o meu quarto.
- Eu e meus amigos vamos fazer um passeio na cidade. Você quer ir?
- Claro.
Me juntei a eles. Entramos em um táxi e fomos dar uma volta na cidade. Ainda estava tudo fechado. Paramos perto do muro de Berlim. A garota se chamava Eliza. Era fantástica. Ficamos olhando o muro e tentando imaginar como foi a guerra. Entramos em um bar. Os três rapazes sentaram para assistir o campeonato alemão. Eu e Eliza ficamos sentados em uma mesa bebendo cerveja.
- O que você faz da vida – Perguntou Eliza.
- Sou escritor, escrevo contos para uma revista, e você?
- Ah sou estudante de Direito e trabalho em uma agência bancaria.
- Uau.
- O que veio fazer em Berlim? – Seus olhos eram verdes e seu rosto muito bonito.
- Ah estou fazendo uma espécie de mochilão pela Europa. Ontem eu estava em Londres. Daqui alguns dias vou para Praga e depois Budapeste.
Eliza prestava atenção no que eu falava. Descobri que aqueles três rapazes conosco eram seus colegas de faculdade.
- Já está tarde. Vamos voltar – Ela comentou. Os rapazes estavam tão entretidos no jogo que nos dispensou com um simples abanar de mãos.
Voltamos para o hotel. Peguei a chave e levei ela para meu quarto. Servi um pouco de cerveja, beijamos e fomos para cama. Ela era louca na cama, ela em cima de mim cavalgava e eu sentia aquelas mãos deliciosas no meu rosto. Seus peitos roçando na minha cara, gozei e ficamos deitados olhando para o teto.
- O que vai fazer amanhã? – Perguntou ela apertando de leve minha mão.
- Talvez vou dar uma volta pela cidade. - Respondi
- Podíamos ir juntos. – Ela falou.
- Por mim tudo bem.
Depois do café da manhã eu e Eliza pegamos o metrô e fomos até o centro da cidade. Andamos por várias lojas e então Eliza deu a ideia de irmos no Monumento do Holocausto. O lugar era grande, tinha vários blocos de pedra em formato de caixões, representando os judeus que morreram nos campos de concentração.
Uma menina e dois garotos da idade de doze anos apareceram na nossa frente.
A menina estava gesticulando e apontando para um papel. Demorei vinte minutos para entender o que estavam querendo dizer. Ela queria ajuda para uma instituição para mudos. Fiquei comovido com a situação e dei um pouco de dinheiro. Eles Agradeceram gesticulando e se foram. Alguns segundos depois escutei essas mesmas crianças correndo gritando e rindo.
- Malditos, fui enganado. – Praguejei.
- É normal isso aqui. Crianças assim arrecadam bastante de turistas desavisados.
- Isso tudo me chateou. Vamos para o bar beber.
Bebemos até o anoitecer, voltamos para casa. Fizemos sexo. Aquelas crianças tinham realmente me deixado puto. Onde já se viu usarem a tragédia para ganhar algo. Eliza estava sentada na beira da cama ajeitando o cabelo. Cheguei por trás e mordi seu ombro.
- Nunca tinha transado com uma alemã. – Falei.
- Queria ficar com você para sempre Henry – Ela mordeu minha orelha.
- Vou ter que seguir viagem depois de amanhã.
- Duvido que encontrará outra garota que transe melhor que eu.
- Pode ter certeza que não.
- Vai me ligar Henry?
- Claro.
- Eu vou esperar viu.
- Quando eu chegar em Praga eu te ligo.  – Falei dando um longo beijo.
Peguei o trem das 9 da manhã. Os amigos de Eliza foram até a estação. Agradeci eles pela hospitalidade. Beijei Eliza e segui viagem até Praga. Já começava a nevar na Europa.


Postado por Caio Geraldini

Um comentário:

  1. show de bola, muito bom seus textos! Mas garanto que transo melhor que ela hahahaha

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