Estava
de ressaca e com sono. Passei a noite de ano novo em um bordel em Londres. Estava
virado.
O
avião chegou em Berlim as 8 da manhã. O Aeroporto estava vazio. Consegui ouvir
alguns funcionários gritando em alemão para um senhor retirar os pertences de
metal do bolso. Peguei minha bagagem e entrei em um táxi. Não sabia falar
alemão, arrisquei no inglês mesmo. Era inverno, mas não tinha neve. Um vento
frio balançava o que restou das folhas de uma árvore. As ruas estavam vazias,
os mercados fechados, alguns poucos habitantes locais vagando pelas ruas. O carro
parou em frente ao hotel. Paguei o taxista com algumas moedas de Euro, peguei
minha bagagem e entrei no hotel.
-
O que deseja? – Perguntou o recepcionista.
-
Meu nome é Henrique. Tenho uma reserva – Falei entregando meu passaporte e o
registro da reserva.
-
Hum... Sinto muito senhor Henrique. O quarto só estará liberado depois de meio-dia.
-
Olha, eu estou virado. Passei o ano novo em Londres, estou de ressaca, não
posso esperar até meio-dia. Preciso dormir.
-
Sinto muito.
Coloquei
minha mala no chão perto do sofá e fui atrás de um bar. O bar do hotel ainda
estava fechado. Fui para rua e estava tudo fechado.
-
Maldição, esqueci que é ano novo. To preso em Berlim, sem quarto e sem bebida.
Voltei
para o hotel, toquei a companhia e o mesmo recepcionista apareceu com um
sorriso forçado. – O que deseja?
-
Olha. Já que não posso entrar no meu quarto. Será que dá para abrir o bar? Preciso
tomar um trago.
-
Claro. O bar irá abrir daqui alguns minutos.
-
Por favor um uísque com tônica. – Pedi ao garçom. Fiquei por lá bebendo. Passou
algumas horas, um grupo de amigos sentaram ao meu lado no balcão.
O
grupo era misto, tinha três homens e uma loira. Falavam em alemão. A conversa
parecia animada. Continuei tomando meu drinque.
-
Ei você, como se chama? – A garota loira falou com sotaque alemão.
-
Henrique – Respondi – Mas me chame de Henry.
-
É turista Henry?
-
Sou. Acabei de chegar. Estou esperando liberarem o meu quarto.
-
Eu e meus amigos vamos fazer um passeio na cidade. Você quer ir?
-
Claro.
Me
juntei a eles. Entramos em um táxi e fomos dar uma volta na cidade. Ainda
estava tudo fechado. Paramos perto do muro de Berlim. A garota se chamava
Eliza. Era fantástica. Ficamos olhando o muro e tentando imaginar como foi a
guerra. Entramos em um bar. Os três rapazes sentaram para assistir o campeonato
alemão. Eu e Eliza ficamos sentados em uma mesa bebendo cerveja.
-
O que você faz da vida – Perguntou Eliza.
-
Sou escritor, escrevo contos para uma revista, e você?
-
Ah sou estudante de Direito e trabalho em uma agência bancaria.
-
Uau.
-
O que veio fazer em Berlim? – Seus olhos eram verdes e seu rosto muito bonito.
-
Ah estou fazendo uma espécie de mochilão pela Europa. Ontem eu estava em
Londres. Daqui alguns dias vou para Praga e depois Budapeste.
Eliza
prestava atenção no que eu falava. Descobri que aqueles três rapazes conosco
eram seus colegas de faculdade.
-
Já está tarde. Vamos voltar – Ela comentou. Os rapazes estavam tão entretidos
no jogo que nos dispensou com um simples abanar de mãos.
Voltamos
para o hotel. Peguei a chave e levei ela para meu quarto. Servi um pouco de
cerveja, beijamos e fomos para cama. Ela era louca na cama, ela em cima de mim
cavalgava e eu sentia aquelas mãos deliciosas no meu rosto. Seus peitos roçando
na minha cara, gozei e ficamos deitados olhando para o teto.
-
O que vai fazer amanhã? – Perguntou ela apertando de leve minha mão.
-
Talvez vou dar uma volta pela cidade. - Respondi
-
Podíamos ir juntos. – Ela falou.
-
Por mim tudo bem.
Depois do café da manhã eu e Eliza pegamos
o metrô e fomos até o centro da cidade. Andamos por várias lojas e então Eliza
deu a ideia de irmos no Monumento do Holocausto. O lugar era grande, tinha
vários blocos de pedra em formato de caixões, representando os judeus que
morreram nos campos de concentração.
Uma menina e dois garotos da idade de doze
anos apareceram na nossa frente.
A menina estava gesticulando e apontando
para um papel. Demorei vinte minutos para entender o que estavam querendo
dizer. Ela queria ajuda para uma instituição para mudos. Fiquei comovido com a
situação e dei um pouco de dinheiro. Eles Agradeceram gesticulando e se foram.
Alguns segundos depois escutei essas mesmas crianças correndo gritando e rindo.
- Malditos, fui enganado. – Praguejei.
- É normal isso aqui. Crianças assim arrecadam bastante de
turistas desavisados.
- Isso tudo me chateou. Vamos para o bar beber.
Bebemos
até o anoitecer, voltamos para casa. Fizemos sexo. Aquelas crianças tinham
realmente me deixado puto. Onde já se viu usarem a tragédia para ganhar algo. Eliza
estava sentada na beira da cama ajeitando o cabelo. Cheguei por trás e mordi
seu ombro.
-
Nunca tinha transado com uma alemã. – Falei.
-
Queria ficar com você para sempre Henry – Ela mordeu minha orelha.
-
Vou ter que seguir viagem depois de amanhã.
-
Duvido que encontrará outra garota que transe melhor que eu.
-
Pode ter certeza que não.
-
Vai me ligar Henry?
-
Claro.
-
Eu vou esperar viu.
-
Quando eu chegar em Praga eu te ligo. –
Falei dando um longo beijo.
Peguei
o trem das 9 da manhã. Os amigos de Eliza foram até a estação. Agradeci eles
pela hospitalidade. Beijei Eliza e segui viagem até Praga. Já começava a nevar
na Europa.
Postado por Caio Geraldini
show de bola, muito bom seus textos! Mas garanto que transo melhor que ela hahahaha
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