segunda-feira, 14 de novembro de 2016

História de bar


Cheguei no bar ás 19 horas de um sábado. Estava com a cabeça cheia, passei a tarde inteira debruçado em um romance que não saía do lugar. Por sorte um amigo meu me mandou mensagem perguntando se eu queria sair para beber. Eu indiquei o lugar. Havia semanas que estava planejando beber lá. O bar ficava perto de um lago. Havia pessoas fazendo caminhada em volta. Um carro passou buzinando. Jovens sujos de ovos e farinha comemoravam a aprovação em um vestibular.
- Estão comemorando agora, mas daqui alguns anos vão perceber a roubada que se meteram. – Pensei.
Abri a porta, o bar já estava enchendo. Já tinha uma turma de amigos falando alto, tirando várias fotos. Sentei sozinho em uma mesa com quatro lugares. O garçom apareceu segurando uma bandeja com copos usados, guardanapos, pratos e restos de comida.
- Já foi atendido? – Ele perguntou com um sorriso.
- Ainda não. Por favor, o cardápio. – Falei
- Só um momento.
Olho as mensagens no celular. Meu amigo está atrasado. Última mensagem dele foi há 20 minutos. Ele escreveu “estou chegando”. – Coloquei o celular em cima da mesa, respirei fundo.
- Companheiro, quero um chope escuro. – Apontei para o cardápio.
- Escuro? – Ele repetiu confirmando e anotando em um bloco de papel.
O garçom foi fazer meu pedido. Havia pessoas em um palco improvisado colocando instrumentos no lugar.
- Senhor, infelizmente acabou o chope escuro. Tem somente o claro. – O garçom comentou
- Ok pode ser. – Respondi.
Meu amigo chega e senta na mesa comigo. Tinha aparência cansada e estava um pouco inquieto, não parava de balançar as pernas.
- Como vai a vida? – Ele me cumprimenta.
- Estou ótimo, tava precisando beber. – Respondi bebendo mais um gole do Chope.
- Não dormi nada essa noite. - Ele comentou – Virei a noite estudando. – Estou aqui a base de café, energético e refrigerante.
- Prova?
- Sim, semana que vem. Você está escrevendo algo?
- Ah sim. Estou no meio de uma história que não sei para que lado vou. Falta conflito. Mas esquece isso. Vamos beber.
- Não sei se devo beber. Se eu beber eu não vou parar tão cedo. – Ele disse folheando o cardápio.
- Então não bebe. – Falei tomando outro gole.
- Não quero deixar você beber sozinho.
- Então beba.
- Ah cara... Ok, vou pedir um chope também
O garçom anotou o pedido dele, aproveitei e pedi outro chope. O ambiente já estava ficando cheio, um casal na nossa frente estava discutindo. Pelo que entendi da conversa a mulher estava falando sobre uma garota que curtiu a foto do homem. Senti pena do cara. Há alguns meses atrás eu estava com uma garota. Ela era espetacular e carinhosa, porém tinha um defeito. Era ciumenta.
A bebida chegou e eu e meu amigo brindamos e bebemos. No palco o músico começou a dedilhar de leve o violão. O casal continuava discutindo.
- Quem é aquela vadia que curtiu sua foto? - Ela estava nervosa mexia no cabelo e batia os dedos na mesa.
- É apenas uma colega de faculdade. Somos amigos. – O homem respondeu.
- Amigos o cacete. Ela comentou “Estou com saudades”. Você está me traindo né seu vagabundo. – Ela disse tirando a aliança do dedo e batendo ela na mesa. - Seu cafajeste filho da mãe.
- Querida por favor, fique calma. Aqui não é o lugar ideal para isso. – O parceiro tentava manter a calma.
Ele colocou a mão no ombro dela mas ela mexeu o ombro de forma brusca – Não me toque, ouviu seu idiota?
Pedi outro chope, a situação estava interessante. O músico começou a tocar. O som era agradável, parece que ele sabia o que estava fazendo. Meu amigo bebeu comigo. A garota começou a elevar a voz e então ela cometeu um erro. Jogou bebida no homem. Na mesma hora, furioso ele levantou a mão e deu um tapa na garota. Ela caiu no chão. Fez um silêncio mortal. Eu já estava bêbado. A garota levantou xingando o cara de corno, bruto, filho da puta. Pegou suas coisas e saiu pela porta chorando. Logo depois o homem terminou sua bebida, pagou e foi atrás.
O garçom apareceu, segurando minha comanda para incluir o couvert.
 – Qual dos shows o senhor quer cobrar? – Perguntei.
- Não entendi senhor. – O garçom falou.
- Você tá cobrando a briga do casal ou o músico? – perguntei.
- Ah sim, estou cobrando apenas o músico.
- Ah então não quero que você cobre o couvert. Vim aqui só para ver aquele casal brigando. Aliás foi uma boa luta.
- Não seja babaca Henry. – Meu amigo me cutucou.
- Olha, eu não pedi para ver show nenhum. Não sabia que ia ter couvert artístico, Esse cantor é horrível. Como faço para não pagar o couvert? – Perguntei para o garçom.
- Terei que fechar a conta então. - O garçom respirou fundo.
- Pode trazer a conta.
 Pagamos a conta e voltei para casa. 

Postado por Caio Geraldini

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