terça-feira, 4 de outubro de 2016

Atrasado


Acordei de um sono pesado. Abri os olhos, um susto percorreu minha espinha. Ainda vagava entre sonho e realidade. Imóvel na cama com os olhos abertos, eles se moveram de um lado para o outro. Eu tinha uma sensação de ter feito algo de errado. Algo tinha passado despercebido. Olhei rápido no relógio, ele marcava 8:30. Estremeci, meu horário de acordar era às 6:30. Já era segunda. Eu estava atrasado.
– Você está atrasado, como pôde perder o horário? – Disse uma voz nomeu subconsciente.
– Mas eu coloquei o relógio para despertar. Ontem não dormi tão tarde. – Discuti mentalmente.
– Mentira, se tivesse colocado o despertador no horário correto, tinha acordado. Meia-noite e meia não é um horário ideal. Você se Lembra dos avisos da sua mãe dizendo para dormir mais cedo?
Deixei esse diálogo sem futuro para trás e me levantei. O quarto estava escuro. Abri a janela e a claridade do sol iluminou todo o quarto. Sentei na cama, um gosto amargo na boca. Pela falta de comer e também pela vergonha de estar atrasado para o trabalho.
Entrei no banheiro o mais rápido possível e quase bati o dedo na quina da porta. Liguei o chuveiro, enquanto a água descia eu pensava – Como fui ser tão idiota de não acordar na hora certa? Agora chegarei atrasado, minha reputação vai para o lixo. Quantos clientes estão neste momento reclamando da falta de atendimento? Quantos fornecedores estão querendo falar comigo?
Meu chefe, eu finalmente consegui o respeito dele. Tudo por água baixo porque acordei tarde. Isso é injusto. Uma única falta assim não é motivo de tanto alarde.
Se eu falar que fiquei doente? Peguei dengue, afinal há um surto de mosquitos na cidade…
Mas terei que mostrar atestado. Droga, não tenho nenhum amigo ou parente médico. Se eu for no pronto-socorro serei desmascarado. O jeito é encarar as consequências.
Voltei para o quarto, bati o dedinho na quina do criado mudo, gritei de dor e fiquei na cama gemendo. – Maldito móvel estúpido. – Vesti a roupa o mais rápido possível, fui para a cozinha. Tomei café com leite, passei manteiga no pão e comi depressa. Voltei correndo para o banheiro, escovei os dentes, passei perfume. Arrumei as coisas. Antes de pegar a chave do carro dei uma olhada novamente no celular, quase bati novamente o dedo na quina do criado mudo quando percebi a verdade... ainda era domingo.

Postado por Caio Geraldini

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.